Estar em relação é das coisas mais bonitas que senti até hoje. Estar em relação com os amigos, com a família, com o namorado(a), com as coisas, com o trabalho, connosco próprios. Considero que estamos constantemente em relação, não só com as pessoas à nossa volta, mas com tudo aquilo que nos rodeia, com os espaços, com os objectos.
A forma como nos relacionamos vai sendo diferente, dependendo da nossa forma de estar, de sentir, de cuidar, de pensar, de querer.
Decidi falar-vos um pouco de um tipo de relação específico, a relação terapêutica.
No início de todos os caminhos com os meus pacientes, existem sempre momentos de conhecimento múltiplo, da partilha do paciente connosco, do falar de vulnerabilidades, de acontecimentos difíceis, de traumas passados, de vivências impactantes. Contudo, apesar daquilo que muitas vezes se pensa, ir ao psicólogo não é só partilhar e estar com coisas más. O caminho psicológico (se lhe podemos chamar assim) é um caminho também com muitas cores. O espaço terapêutico é um lugar onde o paciente pode ser quem é. Onde pode ser aceite, acolhido e receber “colo”. Onde se vivem e constroem sonhos, onde coisas tão difíceis como o “não saber o que se vai fazer a seguir” podem ganhar espaço. Para mim é, essencialmente, um espaço onde o paciente aprende a cuidar dele, aprende a dar-se mimo, a permitir-se ser e expressar, a permitir-se sonhar.
É, através da construção e manutenção da relação terapêutica que se podem construir caminhos com cor e emoção.
Partilho-vos isto na sequência do meu primeiro término de processo com uma paciente. Lembro-me das primeiras vezes que tivemos juntas, lembro-me principalmente que o não saber o que fazer a seguir, o não saber o que escolher, a sensação de perda de controlo e de desorganização, eram sensações tão angústiantes e sufucantes que limitavam tanto a forma de estar e de se sentir, como foram conduzindo a um lugar de isolamento face aos outros. E lembro-me de todas as caixinhas que fomos abrindo, da permissão que me foi dada de estar com ela onde ela estava, da partilha da dor, da conquista, do sonho, da tristeza, da alegria, do medo, da surpresa. Mas, principalmente, lembro-me da nossa última sessão. Relembro-me de lhe ter perguntado “E o que antecipa daqui para a frente?” e com o maior sorriso que alguma vez vi, ouvi a resposta “ não sei, mas agora também não tenho de saber”.
Parece uma coisa bastante pequena mas não é. Porque coisas pequenas podem ser grandiosas na sua essência. E apesar de estarmos a falar de uma relação profissional não nos podemos esquecer que, dentro da sessão, o paciente tende a reproduzir as suas formas “padrão” de interação e, lá dentro, muitas vezes, ao nos apercebermos que é possível estar de outra maneira ou que simplesmente é possível estar como somos e queremos estar, que se dá a transformação em si. Mas, na minha visão, isto só é possível porque existe relação. É especial a permissão que é dada ao outro da partilha, da presença em sítios muito íntimos, o percorrer determinados caminhos acompanhado, o permitir o outro a ouvir-nos, a estar connosco, a sentir-nos.
E assim vos convido a experimentar estar em relação, sem existir uma forma certa ou errada de estar, apenas estar com o que é e com aquilo que sente.
“Conheça todas as teorias, conheça todas as técnicas, mas ao tocar numa alma humana seja apenas outra alma humana”
Carl G. Jung
A forma como nos relacionamos vai sendo diferente, dependendo da nossa forma de estar, de sentir, de cuidar, de pensar, de querer.
Decidi falar-vos um pouco de um tipo de relação específico, a relação terapêutica.
No início de todos os caminhos com os meus pacientes, existem sempre momentos de conhecimento múltiplo, da partilha do paciente connosco, do falar de vulnerabilidades, de acontecimentos difíceis, de traumas passados, de vivências impactantes. Contudo, apesar daquilo que muitas vezes se pensa, ir ao psicólogo não é só partilhar e estar com coisas más. O caminho psicológico (se lhe podemos chamar assim) é um caminho também com muitas cores. O espaço terapêutico é um lugar onde o paciente pode ser quem é. Onde pode ser aceite, acolhido e receber “colo”. Onde se vivem e constroem sonhos, onde coisas tão difíceis como o “não saber o que se vai fazer a seguir” podem ganhar espaço. Para mim é, essencialmente, um espaço onde o paciente aprende a cuidar dele, aprende a dar-se mimo, a permitir-se ser e expressar, a permitir-se sonhar.
É, através da construção e manutenção da relação terapêutica que se podem construir caminhos com cor e emoção.
Partilho-vos isto na sequência do meu primeiro término de processo com uma paciente. Lembro-me das primeiras vezes que tivemos juntas, lembro-me principalmente que o não saber o que fazer a seguir, o não saber o que escolher, a sensação de perda de controlo e de desorganização, eram sensações tão angústiantes e sufucantes que limitavam tanto a forma de estar e de se sentir, como foram conduzindo a um lugar de isolamento face aos outros. E lembro-me de todas as caixinhas que fomos abrindo, da permissão que me foi dada de estar com ela onde ela estava, da partilha da dor, da conquista, do sonho, da tristeza, da alegria, do medo, da surpresa. Mas, principalmente, lembro-me da nossa última sessão. Relembro-me de lhe ter perguntado “E o que antecipa daqui para a frente?” e com o maior sorriso que alguma vez vi, ouvi a resposta “ não sei, mas agora também não tenho de saber”.
Parece uma coisa bastante pequena mas não é. Porque coisas pequenas podem ser grandiosas na sua essência. E apesar de estarmos a falar de uma relação profissional não nos podemos esquecer que, dentro da sessão, o paciente tende a reproduzir as suas formas “padrão” de interação e, lá dentro, muitas vezes, ao nos apercebermos que é possível estar de outra maneira ou que simplesmente é possível estar como somos e queremos estar, que se dá a transformação em si. Mas, na minha visão, isto só é possível porque existe relação. É especial a permissão que é dada ao outro da partilha, da presença em sítios muito íntimos, o percorrer determinados caminhos acompanhado, o permitir o outro a ouvir-nos, a estar connosco, a sentir-nos.
E assim vos convido a experimentar estar em relação, sem existir uma forma certa ou errada de estar, apenas estar com o que é e com aquilo que sente.
“Conheça todas as teorias, conheça todas as técnicas, mas ao tocar numa alma humana seja apenas outra alma humana”
Carl G. Jung